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Spin-Off III - Rilev

Esse demorou pra sair... Estava meio complicado de conseguir deixar ele do jeito que eu queria... Desculpem o atraso! Mas fica aí uma pequena parte da história vista pelo nosso querido Elfo baixinho hehe~

Boa Leitura

Rilev - I

Consegui escapar na primeira oportunidade que tive. Não sabia por que meu pai repentinamente quis ir visitar uma antiga amiga, nem me importava. Não me interessava suas histórias do passado, ou aquelas falsas tentativas de ser um bom pai ao menos uma vez.

Quando entrávamos naquela vila pequena, tão pequena quem nem havia qualquer nome no mapa, eu me saparei dele e de Kayllon. Segui o som de um riacho, me afastando a passadas longas. Era um belo dia, o que me deixava anda mais furioso. Por que saímos de casa para ir até aquele fim de mundo? Se fosse ao menos alguma Capital agitada, ou uma grande metrópole...

Sentei a margem do riacho quando o encontrei. Estava quase desconfortável. Era um lugar muito diferente do que sempre estava acostumado a frequentar. Tudo era quieto, e não havia nada de excitante. A brisa era fresca, carregando um aroma carregado de maçãs.

Tudo era tão tranquilo que parecia estar distante de qualquer civilização. Embalado. Pela canção suave do rio e do perfume doce, devo ter cochilado por alguns minutos. Estava ainda mais farto do silêncio quando despertei. Depois de me espreguiçar, resolvi seguir o cheiro de frutas frescas, sem esperar chegar a algum lugar muito melhor. Não foi difícil de encontrar sua origem. Um pomar de maçãs se formava ao meu redor, apenas alguns metros depois do riacho. O perfume do fruto se misturava com o aroma de pão assando e café sendo moído, vindo de uma casinha do outro lado do pomar.

—Você é mesmo bom nisso!

Logo a frente estava uma garota. Sentada entre as árvores, ela poderia ter me visto facilmente, entretanto, estava distraída demais conversando com Kayllon. Ocultei-me atrás de um tronco enquanto os observava. Ambos tinham um nó de folhas e ramos nas mãos, formando um colar de flores desajeitado, principalmente o da garota. Notei espantado a forma como Kayllon riu. Não, não que eu me importasse...! Era só que... Desde quando ele havia voltado a sorrir depois da morte da nossa mãe? Além disso, quem era a menina? Estreitei os olhos, para ter certeza que minha visão ainda não estava nebulosa de sono e tédio. Não, aqueles cabelos claros e prateados estavam mesmo ali. Aquilo era natural?

—E quem é você? —Soou uma voz ao meu lado. Estava distraído demais examinando a conversa dos dois, que nem me dei conta de alguém se aproximando. Virei de supetão pelo susto, e encontrei um garoto. Era mais alto, e com cabelos negros bem aparados. Quantos anos ele teria para um Humano? Talvez dezesseis? Ele me olhou nos olhos, e arqueou as sobrancelhas. —Ah, você está junto do senhor Lydel? É outro filho dele?

—Como você sabe? Não nos parecemos.

—Hum... Acho que pelos olhos... E o nariz talvez...

Pisquei, espantado. Ninguém nunca tinha dito algo como aquilo antes. Meu pai sempre teve ares altivos, olhar duro e andar austero. Quanto a mim... Não passava do filho estranho e baixinho do qual as pessoas não costumavam dar muito crédito.

—De qualquer forma, quer que eu chame seu irmão pra você?

—Não! —Exclamei. —Não... Não, por favor.

A expressão espantada agora era dele. Eu e Kayllon não tínhamos exatamente a melhor das relações. E depois que nossa mãe morreu tudo piorou. Nós parecíamos ter alguma espécie de raiva constante um do outro. Mesmo assim, Kayllon ainda era o tipo que sorria para os outros dizendo que tudo estava bem. Eu não fazia questão disso. Simplesmente falava que não gostava dele, e que imaginava que não devia ser muito diferente para Kayllon. Estava prestes a repetir isso para o garoto, quando ele não me deu tempo.

—Bem, então, quer dar uma volta pela vila? Não é tão ruim. Posso te mostra-la a você.

Relutei por um instante. O que mais teria para fazer? A ideia não me parecia exatamente convidativa, mas se comparada a bisbilhotar a alegria súbita daquele idiota, então era de fato a melhor opção.

Não precisei perguntar o nome do garoto. Descobri graças às pessoas que nos paravam para cumprimentar. Yaiken também conhecia o nome de todas, como se tivesse uma lista imaginária. Nós passamos por uma floricultura, que quase me deixou enjoado com o cheiro de pólen. Uma feira na praça, onde Yaiken acabou comprando uma pera, que comemos no caminho. No entanto, onde mais gastamos tempo foi em uma pequena oficina de metalurgia. Heric, o dono e ferreiro que a administrava não era ruim, nada ruim, na realidade. Porém, trancafiado no dilema de morar em uma vila pequena e esquecida. Poderia apostar que faria bons negócios se ao menos se mudasse para Fallyndel, que nem mesmo era tão distante. Foi o que perguntei a ele.

—Algumas coisas eu não encontraria lá.

Ainda intrigado com sua resposta, nós nos despedimos.

Depois de andarmos pela vila durante metade do dia, paramos no mesmo riacho que estive antes. Yaiken retirou as botas e se sentou a margem, mergulhando os pés na água.

—Não é um lugar tão ruim. —Falei, me sentando ao seu lado. —Só não faz exatamente meu tipo.

—Claro. Eu gosto muito daqui também, só... Não quero passar a vida toda no meio de um pomar. —Yaiken debruçou-se, deitando na grama. —Digo, não quero me mudar. Mas se ao menos pudesse visitar alguns lugares. Ah! —Ele levantou-se de repente, e apontou o dedo indicador para cima. —Acho que vai começar agora.

Olhei para o céu, procurando por algo de diferente. Nada além da cor que passava do azul para o amarelo-roseado mudava. E então, seguido a sua fala, ouvi um ruído. Sinos. Um som distante trazido pelo vento.

—Tocam uma vez por mês. São os sinos de Fallyndel. —Explicou Yaiken. —São tão legais. Imagino qual o tamanho deles para produzirem um som dessa altura que chega até aqui.

—Se os ouvisse de perto tenho certeza que não os acharia assim tão legais. É insanamente barulhento.

O garoto arregalou os olhos para mim.

—Já esteve lá? —Sua animação quase me assustou.

—Bem... Sim. E em Dorwyne também. Apesar de ter sido só uma vez.

—Incrível! Quero dizer... —Euforia transbordava de sua voz. De repente ele parou, e me encarou de cenho franzido, atônito. —Quantos anos você tem?

—Trinta e três.

Foi impossível segurar as gargalhadas após ver a surpresa em seu rosto. Deixei-me deitar sobre a grama, segurando a barriga, os risos fazendo meus olhos lacrimejarem.

—Tem certeza? —Yaiken me perguntou. —Mas você é... Bem, você parece mais jovem do que eu! Não é seis ou sete anos?

—Desculpe... —Suspirei, retomando o fôlego. —Mas tenho trinta e três.

—Bom... —Yaiken caiu deitado novamente, e olhou para mim ao seu lado, de forma analítica. —Posso ser mais novo, mas ainda sou mais alto.

—Isso foi rude! —Reclamei, e foi a vez dele de rir.

—Certo, desculpe...! —Disse pouco sincero. —Ah! É mesmo! Acredite ou não, ainda não sei seu nome.

Yaiken era uma pessoa estranha. Não sabia quem era, e não sabia nada além de que morava ali. Ele realmente parecia mais velho, sonhador, buscando o que havia além da vila. Não perguntou nada sobre mim, ou minha relação aparentemente ruim com Kayllon. Há um longo tempo um dia tedioso havia sido bom. Perguntei-me por um instante se meu irmão pensava da mesma forma, ele com sua coroa de flores e a garota de cabelos prateados. Soquei-me mentalmente por pensar nisso, e me espreguicei sobre a grama, olhando para o céu.

—Eu sou Lydel. Rilev Lydel.

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